[Original – Oneshot] Surprise at the prom

Esse é um tanto quanto recente. É simples e sem muita ambição.

Classificação: Livre.

Gênero: Yuri, romance, vida escolar.

Sinopse: Garota usa sua última opção para provar para as amigas que é lésbica.

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Surprise at the prom

Ela olhava ansiosamente para o celular até que este vibrou, fazendo seu coração acelerar. E a mensagem que chegou aumentou ainda mais seu batimento cardíaco. “Eu vou. Te encontro lá. Bjs. LuvyaS2″. Uma imensa onda de felicidade percorreu todo seu corpo. Finalmente iria apresentá-la a suas amigas. Assim elas iriam acreditar que ela era lésbica. Alias, ela não entendia por que suas amigas não acreditavam nela. Desceu as escadas correndo em direção a cozinha.

– Mãe! Ela disse que vai! – Falou empolgada.

– Que bom! – Disse a mãe com um sorriso. Ela preparava o almoço.

– Mal posso esperar pra apresentar a Annie para as meninas! – continuava empolgada. – Tomara que dessa vez elas acreditem em mim!

– Quem sabe se você mostrar direitinho elas acreditam.

– Vou me esforçar! – e deu um beijo bochecha da mãe. – Me chama quando o almoço estiver pronto. – saiu da cozinha andando apressada de volta para o quarto.

Ela ainda tinha que escolher o sapato que usaria. Havia saído no começo da semana com a mãe para comprar o vestido. Não quiseram lhe dar uma sandália nova sob motivo dela já ter sandálias demais. Infelizmente ela teve que concordar e acabou se contentando apenas com o vestido. Ela iria para o baile anual de formatura do colégio com vestido novo e sapato velho. Então agradeceu aos céus por ter escolhido uma peça longa. Depois de muito escolher, acabou se decidindo por um preto básico mesmo. Logo em seguida sua mãe lhe chamou para almoçar. Comeu sem prestar muita atenção nas coisas. Ficou apenas pensando em qual tipo de penteado faria ou qual maquiagem colocaria. Quase não falou com os pais e os irmãos que estavam à mesa.

Um pouco depois das duas da tarde, recebeu uma ligação de Annie, sua namorada, e combinaram como iriam se encontrar no baile. Annie avisou que poderia chegar um pouco atrasada, já que a sessão de fotos iria atrasar para começar. Ela disse que estava tudo bem, contanto que a namorada aparecesse antes do fim da festa. A outra riu e reafirmou a promessa de comparecer ao baile. E após um momento de troca de juras de amor, elas desligaram.

A ansiedade voltava a lhe consumir, já que a hora decidira que não queria passar. Ela havia estipulado uma media de uma hora e meia pra ficar pronta. Mas ainda faltavam duas horas pra ela começar a se arrumar. Tentou dormir mas não conseguiu. Decidiu então que refaria as unhas. Todo o processo de tirar o esmalte antigo, cortar a unha, lixar, e assim por diante, conseguiu entretê-la até um pouco antes da hora estipulada. Satisfeita por ter feito a hora passar, ela se preparou para ir se arrumar. Separou o vestido e a sandália, deixou a mão sua maquiagem e o que era necessário para fazer o penteado no cabelo.

Após um longo banho, ela se arrumou, colocou a maquiagem e fez o penteado que passou horas bolando. O tempo que definiu para toda essa arrumação foi mais que suficiente. Quando deu por si, já tinha dado a hora combinada com as amigas. Estava terminando de passar uma mensagem para Annie quando a campainha tocou.

– Anda logo, Cinderela! – Gritou uma voz conhecida do andar de baixo. Ela sorriu, era uma de suas amigas.

– Já estou indo! – gritou descendo as escada cautelosamente. Ao chegar ao térreo, despediu-se dos pais e saiu com as amigas para o baile. Elas haviam alugado uma limousine para levá-las ao local da festa. Elas foram conversando amenidades até chegarem ao seu destino.

A uma quadra do ginásio já dava pra escutar o barulho da música. Sua chegada não foi tão espetacular, já que a maioria dos estudantes também estava chegando de limousine. Ao entrarem, viram uma infinidade de roupas de gala. Desde aquelas que estavam no guarda-roupas a décadas a aquelas que haviam sido compradas aquela tarde. A música agitada havia passado e uma balada lenta fazia os casais se juntarem para a dança lenta.

– Ah, se a Annie estivesse aqui, eu poderia dançar com ela. – Suspirou a garota.

– Ai, amiga, ainda insistindo nisso?! – Falou uma de suas amigas.

– Você é mais fresca de todas nós. Não tem como você ser lésbica. – Completou a outra amiga.

– Fresca num bom sentido, ok? – Complementou outra.

– Vocês vão acreditar em mim. No momento certo, mamãe disse que tenho que demonstrar direitinho. – Continuou a garota com convicção sem dar ouvidos ao que suas amiga disseram.

– Se você diz.

– Vamos deixar isso de lado então.

– Até esse tal “momento certo”. Que tal irmos dançar agora? – toda essa discussão durou o tempo da balada terminar e voltar para a música agitada. Com isso ficou tão claro como cristal para a garota que suas amigas continuavam não acreditando nela. Suspirou desanimadamente e foi se divertir como todos ali estavam.

Apesar de realmente estar de divertindo, ficava pensando quando Annie ia chegar, se ela acertaria o lugar. De repente ela se lembrou que Annie já havia estudado naquela escola, num passado longínquo antes de se mudar. Elas estavam paradas em um canto conversando sobre como o atacante do time de basquete estava lindo aquela noite. A garota estava meio entediada com aquela conversa e queria mudar de assunto. Foi quando um grito ecoou pelo ambiente, assustando as pessoas que conseguiram escutá-lo, já que a música também estava alta.

– Haley! – Chamou animadamente uma voz conhecida para a garota.

– Annie! – Falou em tom normal e saiu apressadamente em direção a namorada. Assim que Annie a viu, a abraçou.

– Haley, senti sua falta. – Disse Annie ao ouvido da garota. As amigas de Haley pararam em volta das duas. – A garota da portaria não estava deixando eu entrar. Aí, ela levantou a cabeça e viu quem eu era. – falou para que todos por perto pudessem ouvir e deu uma risada divertida.

– Garotas, essa é Annie, minha namorada. – Disse Haley animada. As garotas olharam Annie de baixo para cima. Salto, vestido de marca, modelo que saíra em revista aquele mês, acessórios que pareciam caros, maquiagem bem feita. Ainda não pareciam convencidas.

– Não dá pra acreditar. Você contratou essa garota, né? Admite. – disse uma das amigas. Enquanto isso, as outras duas continuavam observando. Haley abriu a boca para protestar, mas foi interrompida.

– Espera! Você é Annie Smith?! – Perguntou uma das amigas caladas meio espantada. Annie sorriu e confirmou com um aceno de cabeça.

– Haley não teria dinheiro pra contratar uma modelo como Annie Smith! – Constatou a que não havia se pronunciado ainda. Seu tom para pronunciar o nome da modelo fora um tanto alto e chamou muitos olhares para a situação.

– Você veio por caridade? Como conheceu a Haley? Ela nunca sai de casa sem a gente! – Perguntou a primeira meio perplexa. Annie continuava sorrindo.

– Haley É minha namorada. Nos conhecemos há muito tempo, quando eu ainda morava na cidade. Acho que está meio na cara que sou um pouco mais velha que ela. E Haley não precisou sair de casa pra me conhecer. Amor, porque você não fala nada? – Annie terminou de falar olhando pra Haley. A essa altura, metade do baile estava olhando pra elas. Alguns confusos se perguntando o que estaria acontecendo ali, outros eufóricos querendo saber quem convidara a super modelo Annie Smith para festa.

– Acho que elas ainda não acreditam que namoramos. Mamãe disse que devemos demonstrar direitinho para que elas acreditem.

– Se isso te chateia, podemos dar uma jeito. – Disse Annie com um sorriso sacana. Elas se viraram uma para outra e esqueceram de tudo em volta. Annie passou a mão pelos cabelos de Haley carinhosamente. Haley sentiu uma onda de embaraço tomar todo seu corpo e sorriu timidamente. Por ser um pouco mais alta que a namorada, Annie se inclinou para baixo e beijou sua amada nos lábios. Toda timidez de Haley sumiu no momento em que ela sentiu que estava com saudade da namorada, de seus carinhos, seus beijos e seu cheiro. Passou os braços pelo pescoço da mais alta, juntaram os corpos e o beijo se tornou mais passional. Só se separaram quando se lembraram que não estavam a sós. Olharam-se com cumplicidade e deram as mãos antes de voltarem a olhar para as amigas de Haley. As pessoas em volta assistiram a cena perplexos. A música agitada tocava no ambiente, mas ninguém dançava.

– Também senti sua falta, amor. – Falou Haley sinceramente, mas olhando para as amigas. Annie acariciou com o polegar a mão da namorada. As amigas de Haley ainda estavam em choque.

– Você não pode ser lésbica, Haley! – Disse uma das amigas com tom meio indignado.

– É! Você é bonita, faz as unhas, se depila.

– E gosta de moda. E definitivamente não quer ser um cara! – Completou a última das três, como se tivessem combinado o que iriam dizer. Mas saiu naturalmente.

– Quem foi que disse que pra ser lésbica tem que ser assim? – Perguntou Annie meio irritada.

– Por que vocês tem essa idéia errônea sobre gays? – Contribuiu Haley. As amigas de Haley se entreolharam como se a resposta fosse muito óbvia.

– Na tv. – Responderam em uníssono. E as duas suspiraram.

– Então agora vocês bem que as coisas não são bem assim. – disse Annie com o tom educativo.

– Agora tudo faz sentido! Por isso que elas não acreditavam em mim. Se eu tivesse percebido isso antes teria explicado a elas. – comentou Haley alegremente. A maioria das pessoas ainda olhava para as duas como se fossem seres de outro mundo. O resto já voltara a agir como minutos antes da surpresa arrebatadora.

– Querida, acho que não adiantaria. – Disse Annie para a namorada. Haley fez uma cara de quem não estava entendendo muito. – Bem, eu vim para uma festa e gostaria muito de poder dançar. E muito prazer, amigas da Haley. – Disse animadamente. Em seguida puxou a namorada para dançar. As amigas de Haley ainda estavam meio sem ação.

Elas não conseguiam acreditar na cena que estavam vendo, e provavelmente muitas outras pessoas ali presentes também não. Sua melhor amiga estava dançando com uma super modelo. E essa super modelo era sua namorada. NAMORADA! Então a cabeça de cada uma delas começou a entrar no tranco. O motivo dela comprar todas as revistas em que Annie Smith saía. Por que há tantas fotos dela com a modelo em vários desfiles. E o jeito com que ela sempre falava da modelo. Não era por ela ser fã da modelo, era porque elas tinham um relacionamento amoroso. Elas se entreolharam pensando em como não haviam percebido isso antes. Por mais que fosse difícil de acreditar, aquele casal dançando era prova concreta de tudo que foi falado e lembrado.

Agora só restava decidir se aceitavam ou não. Deram mais uma olhada para o casal a dançar e repararam no semblante de Haley. Ela sorria sem preocupações. Parecia feliz. E como não aceitar algo que faz sua amiga tão feliz? Como não acreditar naquele sorriso sincero e cheio de alegria? O fato de Haley gostar de garotas parecia não mudar quem ela era. Então, por que não?

Quando o casal voltou de uma dança lenta, e as amigas de Haley a viram com uma expressão tão realizada todos os pensamentos negativos se foram. Elas se entreolharam em um consentimento silencioso.

– Haley, – Começou uma.

– Nós acreditamos em você. E tudo bem, – Continuou a segunda.

– Não importa de quem você goste, nós ainda te amamos! – Concluiu a terceira.

Lágrimas brotaram nos olhos de Haley. A jovem largou a mão da namorada e abraçou as amigas. Annie apenas observou com um sorriso amável no rosto.

FIM